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sexta-feira, 9 de abril de 2010

LIÇÃO 02 PERIGOS DO DESVIO ESPIRITUAL

INTRODUÇÃO

Jeremias viveu e profetizou durante os reinados dos últimos cinco reis de Judá, um tempo caótico em termos políticos, morais e espirituais. A Babilônia, o Egito e a Assíria batalhavam pela supremacia mundial; Judá não sabia a qual destas nações se aliar. Como agravante, Judá pecou grandemente ao adorar outros deuses. Desde a aliança mosaica, Deus havia instruído o povo israelita contra tal pecado (Êx 20.3-6), pois, a idolatria faz com que as pessoas depositem sua confiança em coisas criadas, não no Criador. O povo israelita com sua apostasia, insultava o Deus verdadeiro, que em breve derramaria o cálice do seu furor contra eles.

I- O QUE É A APOSTASIA

O termo apostasia, é derivado de dois vocábulos gregos: apo (fora) e histemi (colocar-se), o que dá a idéia de desvio, deserção, decaída, abandono, retirada ou afastamento daquilo a que antes estava ligado. No Antigo Testamento, não foram poucas as apostasias cometidas por Israel. Só no Livro dos Juízes, há sete desvios, ou abjurações da verdadeira fé em Deus. Para os profetas, a apostasia constituía-se num adultério espiritual. Se a congregação hebréia era a esposa de Jeová, deveria guardar-lhe fielmente os preceitos, e jamais curvar-se diante dos ídolos. Jeremias e Ezequiel foram os profetas que mais enfocaram a apostasia israelita sob o prisma das relações matrimoniais.

II- UM BRADO CONTRA A APOSTASIA

Jeremias conclamou o povo a arrepender-se dos seus pecados e os advertiu que não escapariam do castigo por rejeitarem a Deus e à sua Lei. Jeremias deixou clara a apostasia israelita em declarações divinas como estas: “Eu pronunciarei contra eles os meus juízos, por causa de toda a sua malícia; pois me deixaram a mim, e queimaram incenso a deuses estranhos, e se encurvaram diante das obras das suas mãos… A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mau e quão amargo é deixares ao Senhor teu Deus, e não teres o meu teor contigo, diz o Senhor Jeová dos exércitos.” (Jr 1.16;2.19).

Por quarenta anos Jeremias serviu como porta-voz de Deus para Judá, exortando-os firmemente ao arrependimento. Ele sofreu severas privações para que pudesse entregar suas profecias. Foi lançado na prisão por duas vezes (Jr 37,38), foi levado forçadamente para o Egito (Jr 43). Foi rejeitado por seus vizinhos (Jr 11.19-21), sua família (Jr 12.6), pelos sacerdotes e falsos profetas (Jr 20.1,2; 28.1-17), por seus amigos (Jr 20.10), seus ouvintes (Jr 26.8), e pelos reis (Jr 36.23). Ao longo de sua vida, Jeremias esteve proclamando as mensagens divinas de arrependimento e destruição, anunciando a nova aliança e chorando sobre o destino de sua amada nação. Aos olhos do mundo, Jeremias não é o que podemos chamar de “sucesso”, mas, aos olhos de Deus ele foi uma das pessoas mais bem-sucedidas da história. Jeremias não estava focado nos indicadores de sucesso ou popularidade; seu objetivo era obedecer ao Senhor, mesmo que isto lhe custasse muito caro.

III- EM QUE CONSISTIA A APOSTASIA DE ISRAEL

No começo da história de Israel, o povo de Deus confiava n’Ele com profunda devoção. A comunhão com Deus era tão estreita que a nação era considerada a “esposa” do Senhor, como evidencia-se nas declarações do profeta Jeremias: “Porventura,esquece-se a virgem dos seus enfeites ou a esposa dos seus cendais? Todavia, meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias… E, quando por causa de tudo isso, por ter cometido adultério, a rebelde Israel despedi e lhe dei o seu libelo de divórcio, vi que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas foi-se e também ela mesma se prostituiu.” (Jr 2.32; 3.8). Agora, porém, toda a casa de Israel tinha abandonado ao Senhor para seguir a outros deuses, o que é caracterizado na declaração do próprio Deus, pela boca do profeta Jeremias como “prostituição” e “adultério” espiritual. Ao analisarmos a leitura proposta na lição (Jr 2.1-13), temos uma visão panorâmica da apostasia de Israel:

V-1 Jeremias deixa claro que sua mensagem profética é produto de sua íntima comunhão com Deus, e não é produto de sua própria mente, quando ele diz: “E veio a mim a palavra do Senhor…”

V-2 “Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da beneficência da tua mocidade e do amor dos teus desposórios, quando andavas após mim no deserto, numa terra que se não semeava.”Contrastando com sua apostasia, Israel,outrora confiava em Deus, quando era sua “noiva”. A figura do casamento também foi utilizada pelo profeta Oséias, para descrever a intimidade de Deus com seu povo (Os 2.2-20).

V-3 “Então, Israel era santidade para o Senhor e era as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor.” Deus evocou a Lei das primícias (Lv 23.10,17; Dt 26.1-11), onde se destinava a Ele a primeira parte da colheita. Esta oferta era o reconhecimento de tudo que a terra produz, vem de Deus. Aqui é exposta a primazia de Israel no plano divino em relação às demais nações. Deus lembrou ao povo israelita que um dia eles ocuparam o 1º lugar, e que, agora eles se fizeram detestáveis e por si mesmo perderam a predileção de Deus.

V-4,5 “Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó e todas as famílias da casa de Israel. Assim diz o Senhor: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade e tornando-se levianos?”Nestes versículos, vemos claramente a ingratidão e rebelião do povo israelita que deixou o seu primeiro amor (Jr 2.32; 3.21).

V-6 “E não disseram: Onde está o Senhor, que nos fez subir da terra do Egito? Que nos guiou através do deserto, por uma terra de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que ninguém transitava, e na qual não morava homem algum.” Aqui o Deus verdadeiro desafia a Israel a mostrar-lhe se ele quebrou alguma promessa desde o tempo do deserto. Longe de ser infiel à sua palavra, Deus os tinha guiado seguros por terreno desolado e perigoso, guardando-os e os conduzindo à terra prometida.

V-7 “E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes o seu fruto e o seu bem; mas, quando nela entrastes, contaminastes a minha terra e da minha herança fizestes uma abominação.” A beleza natural da Palestina também é lembrada aqui, não por acaso, mas, para destacar a contaminação idolátrica efetuada pelo Israel apóstata, profanando aquele território sagrado com sua permissividade e paganismo.

V-8 “Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram, e os pastores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal e andaram após o que é de nenhum proveito.” Neste versículo, destaca-se quatro classes de líderes responsabilizados pela idolatria e apostasia:

  • Sacerdotes - Se estes não tivessem negligenciado suas obrigações, a crise espiritual por que passava a nação nunca teria surgido. A função sacerdotal era reconciliar pessoas com Deus por meio dos sacrifícios, porém, eles tornaram-se mornos e indiferentes.
  • Levitas - Responsáveis por ensinar ao povo os desígnios de Deus, estavam sendo castigados por não terem experiência própria com o Senhor.
  • Pastores - O termo “pastor” aqui não está empregado no sentido eclesiástico, mas, como governante ou dirigente secular. A apostasia havia chegado ao nível hierárquico mais alto, pois os altos postos de Judá comungavam com as práticas idolátricas dos cultos cananitas.
  • Profetas - Quão difícil era o cenário em que Jeremias exercia seu ministério profético, pois, até seus companheiros de ofício se tinham desviado do Senhor, e recebiam inspiração demoníaca por Baal.

V-9 “Portanto, ainda pleitearei convosco, diz o Senhor; e até com os filhos de vossos filhos pleitearei.” O termo pleitear aqui apresentado denota uma denúncia formal perante à Justiça (Jó 33.13). Neste “julgamento”, inquestionavelmente, o veredito seria desfavorável à Israel, que sofreria o castigo de seus atos.

V-10,11 “Porquanto, passai às ilhas de Quitim e vede; e enviai a Quedar, e atentai bem, e vede se sucedeu coisa semelhante. Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto não serem deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua glória pelo que é de nenhum proveito.” Neste texto, Deus fala aos israelitas, por intermédio do profeta Jeremias acerca dos povos pagãos que permaneceram fiéis aos seus ídolos inúteis, enquanto Israel, tinha abandonado o Deus vivo.

V-12,13 “Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.” Os céus são tomados como testemunhas, como em outras ocasiões (Dt 32.1; Is 1.2). O Eterno criador não poderia ter testemunhas melhores! Deus aqui faz sua própria defesa, chamando a si mesmo de “manancial das águas vivas”. Quem abandonaria um manancial de águas vivas por cisternas rotas que coletavam as águas da chuva, mas não podiam detê-las? Deus disse aos israelitas que eles agiam assim quando o deixaram e adoraram aos ídolos.

IV- EXORTAÇÃO AO ARREPENDIMENTO, SEGUIDA DE PROMESSAS

Deus dirigiu-se a seu povo com palavras de esperança, apesar do grande mal que Israel havia cometido. O Senhor, que é um Deus terno e misericordioso, exortou o Israel apóstata à voltar a fidelidade da aliança, inclusive até dizendo-lhe como isto poderia ser feito, e até as palavras que poderiam ser ditas em confissão. Tudo que Israel deveria fazer, era apenas concordar em ter sido rebelde, imoral e desobediente. Porém, o povo não levou isto a sério, pois, confissão real, é algo difícil de se fazer, seja por indivíduos ou nações. A purificação pela confissão, faz do perdão a mais rica experiência para o espírito arrependido (I Jo 1.9). Jeremias, falando à Israel como fazer para retornar ao Senhor, caracterizou-o como o “verdadeiro” Deus e Senhor da nação. Jeová bem sabia que todo o povo não daria crédito a sua palavra, mas, ao remanescente fiel foi prometido que haveria uma restauração da aliança, que Judá seria governada por verdadeiros servos de Deus, como foi Davi (I Sm 13.14), e não por usurpadores (Os 8.4). Deus também disse que quando entrasse em vigor a nova aliança, o povo seria tão abençoado e próspero, que os objetos sagrados como a Arca e outros, seriam desnecessários, pois, a presença de Jeová lhes seria real e constante.

CONCLUSÃO

Apesar das duras advertências, Israel continuou na prática desenfreada do pecado, agindo como se nada estivesse acontecendo. A nação havia perdido o discernimento e o bom senso, à semelhança do mundo a sua volta, ao ponto de serem comparados a animais no cio (Jr 2.23-27), que procuram desenfreadamente seus parceiros, porque assim corriam atrás de poder, dinheiro, alianças com as nações pagãs, e adoração aos ídolos. Mesmos diante deste quadro desolador, Jeremias manteve-se firme em seu chamado, anunciando o castigo divino, que se daria pelas mãos de Nabucodonosor, quando este marchasse com seus destros homens de guerra, para assolar, matar, torturar, pilhar, e levar muitos cativos para o seu reino. Pois, como o povo desprezou a proposta divina de arrependimento, a purificação espiritual de Israel se daria pela dor e sofrimento.

Por: Ailton José Alves